
- O que é Fascite Plantar?
A síndrome dolorosa subcalcânea, mais conhecida como fascite plantar, constitui um problema ortopédico bastante comum, que afeta principalmente adultos entre 40 e 70 anos.
A causa exata da Fascite Plantar é desconhecida. Entretanto, vários fatores podem estar envolvidos: inflamação da fáscia plantar provocada por evento traumático que envolva forças de tração ou cisalhamento, avulsão da fáscia plantar, fratura de estresse do calcâneo, neuropatia compressiva dos nervos plantares, esporão plantar do calcâneo e atrofia senil do coxim gorduroso plantar.
A fascite plantar é a causa mais comum de dor na região plantar do calcanhar. É uma condição comum entre pessoas que praticam corrida, caminhadas intensas ou outras atividades físicas em que os pés sofrem muito impacto.
- Quadro clínico da Fascite Plantar
O principal sintoma da fascite plantar é a dor na região embaixo dos calcanhares e na planta dos pés. Normalmente, o incômodo é mais intenso pela manhã, logo após o indivíduo despertar depois do repouso da noite, e torna-se menos intenso após iniciar os primeiros passos. Já no fim do dia, a dor torna-se mais intensa e é aliviada pelo repouso do pé. Edema leve e eritema eventualmente estão presentes. Os sintomas podem persistir durante poucas semanas ou mesmo até alguns anos.
- Diagnóstico
A dor característica da Fascite Plantar é o que torna o diagnóstico tão rápido, quando realizado por um ortopedista especialista em pé. Em um exame físico, o especialista consegue fazer o diagnóstico, porém, se necessário, exames complementares podem ser solicitados para complementação diferencial do diagnóstico.
- Tratamento conservador
Na grande maioria dos pacientes o tratamento conservador, sem cirurgia, é suficiente para permitir o alívio dos sintomas. Na literatura algumas séries de caso alcançam taxa de sucesso com tratamento conservador da fascite plantar que varia entre 73% e 89%.
O tratamento conservador deve ser direcionado para reduzir o processo inflamatório e inicialmente podemos recomendar um curto período de repouso acompanhado de medicamentos anti-inflamatórios não hormonais (AINH), associados a exercícios específicos para alongamento. Palmilhas confeccionadas sob medida podem ser úteis como forma complementar de tratamento, desde que associadas a um programa de exercícios para alongamento da fáscia plantar.
A diminuição no nível de atividade física é importante durante todo o período de tratamento conservador. Pessoas que trabalham de pé por mais de oito horas ao dia costumam apresentar pior resultado com essa modalidade de tratamento. Como terapêutica coadjuvante pode-se também prescrever fisioterapia formal.
Uma pequena quantidade de pacientes que não consegue alívio satisfatório dos sintomas dolorosos com o tratamento conservador previamente descrito pode se beneficiar com o uso de órtese noturna. O princípio dessa modalidade de tratamento é manter a fáscia plantar alongada durante todo o período de descanso noturno.
Quando há a falha do tratamento conservador, ou como um adjuvante do mesmo, pode-se lançar mão da realização de infiltração local para alívio dos sintomas.
- Tratamento cirúrgico
As considerações para a indicação do tratamento cirúrgico devem ser feitas somente quando persistirem os sintomas que interferem na vida diária ou atividade atlética desejada, sem melhoria significativa, após pelo menos seis meses de uso das várias modalidades de tratamento conservador supervisionadas pelo médico.
Antes da cirurgia é importante identificar a exata localização da dor e o diagnóstico específico da sua causa. Nos casos em que o diagnóstico da causa da dor subcalcânea não puder ser feito com exatidão, pode ser indicada uma combinação de diferentes procedimentos cirúrgicos a serem definidos pelo cirurgião.
O tratamento cirúrgico da fascite plantar atinge resultados satisfatórios em aproximadamente 95% dos casos. O objetivo final da cirurgia é obter a descompressão adequada da região subcalcânea. A liberação cirúrgica da fáscia plantar, tanto por abordagem incisional direta, como por técnica endoscópica, é o método de tratamento cirúrgico mais frequentemente indicado para tratar a dor subcalcânea refratária ao tratamento conservador.